Você não compra produtos. Você compra símbolos.

O valor invisível das marcas (e o que isso revela sobre consumo e estratégia)

BRANDING E CONSTRUÇÃO DE MARCACOMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

REC 9 Filmes

4/29/20252 min read

Nos últimos dias, alguns fabricantes chineses de bolsas começaram a viralizar no TikTok ao afirmar que produzem para grandes marcas de luxo europeias. Um perfil em especial, o @senbags, mostrou como bolsas no estilo Hermès são feitas por cerca de US$ 1.250 — mas vendidas por até US$ 35.000 no mercado de luxo.

Esses mesmos fabricantes começaram a oferecer bolsas sem logotipo, usando os mesmos materiais e mão de obra, por cerca de US$ 1.000. E é exatamente aqui que a conversa fica interessante: estamos falando de algo que não se vê, não se toca — mas que move bilhões. O valor intangível da marca.

Quando você compra uma camisa feita com o mesmo tecido que uma Lacoste, sem o jacaré no peito, o preço é um. Mas basta aquele pequeno bordado aparecer pra tudo mudar — no mercado, no olhar das pessoas, no status. Por quê? Porque o que se compra ali não é só o tecido, é a percepção de valor que a marca construiu.

Outro exemplo clássico: o copo de café. Um café simples custa 5 reais. O do Starbucks pode sair por 20. Mas o Starbucks não vende só café. Ele vende ambiente, identidade, pertencimento. Ele atende uma necessidade invisível: status. E mais do que isso: vende uma experiência.

Errado? Não. As empresas não criam necessidades — elas detectam o que é intrínseco ao ser humano e entregam soluções. Elas interpretam desejos. O marketing bem feito não vende produto, vende sentido.

E voltando ao caso das bolsas e da polêmica: legalmente, uma marca pode estampar “Made in France” ou “Made in Italy” se a etapa final da produção ocorrer nesses países. Essa etapa pode ser, por exemplo, costurar o logo — e pronto. O valor agregado aparece. Mas quando isso vem à tona, pode afetar a marca. Porque o público sente que foi iludido. E quando a transparência da marca é questionada, o valor intangível também entra em risco.

Reflexão de Felipe Thomas, fundador da REC9 Filmes

Felipe compartilha uma reflexão pessoal sobre consumo e percepção de marcas: ele não costuma gastar dinheiro com roupas de grife. Prefere camisas que expressem sua personalidade, que digam mais sobre quem ele é do que sobre o valor que pagou. No entanto, reconhece que, se um dia precisar fechar um contrato com uma empresa renomada — em um ambiente onde a imagem conta e o "dress code" faz parte do jogo —, e usar uma Lacoste puder ajudá-lo a gerar confiança, ele vai considerar. Porque, nesse cenário, a marca se torna uma estratégia. Ele percebe uma necessidade real e age a partir dela.

Para Felipe, no fim das contas, marca é construção. É memória coletiva. É percepção. É simbologia. E cada pessoa, ao consumir, ativa ou rejeita esses códigos.